O ser humano é uma criatura peculiar. Quanto mais coisas ele faz mais ele quer fazer, e o contrário também existe. Quanto mais tempo a gente passa sem fazer nada, menos queremos fazer no dia-a-dia.
Há uns meses eu estava enlouquecendo: dois trabalhos, faculdade e escola de música. Simplesmente não parava para respirar, não conseguia estudar no tempo livre (já que ele não existia), vivia sem energia, e mal dormia. Larguei um emprego, meses depois o contrato do outro acabou. Faculdade continuou, escola de música também, mas entramos nas tão sonhadas férias. Eu não poderia estar mais agradecida, certo? Sim e não.
Lógico que tudo o que eu mais queria eram as minhas férias, principalmente por não querer me preocupar com trabalhos ou apresentações das duas escolas, mas junto com as férias vem algo que eu sempre tive medo: o fato de ficar parada. Não digo parada literalmente, mas sim no fato de não fazer tantas coisas quanto faria se não estivesse de férias. Faz sentido?
Há alguns anos, quando eu terminei o ensino médio, tive ali meu ano ruim, e ele começou assim: com a Yamana sem fazer muita coisa. Acho que o medo maior é voltar naquele tempo, sabe? O que eu quero dizer é que, mais que nunca eu quero sair dessa inércia, e não que eu queria me obrigar a fazer coisas que eu não tô afim só pra não ficar parada, não é isso. Mas eu quero me desafiar a fazer coisas novas, a testar outras coisas, a criar projetos novos.
Infelizmente, junto com essa vontade vem aquele medo, que sempre esteve ao meu lado. O que fazer? E se não der certo? E se for uma perda de tempo? Eu deveria estar trabalhando? Ou deveria estar estudando mais? São muitas questões que me amedrontam, mas que eu sei que devo me esforçar para não pensar tanto assim nelas.
Quero tirar esses meses de dezembro e janeiro pra me redescobrir. Quem é a Yamana? O que ela gosta de fazer? O que ela não gosta? O que ela quer realizar? Quais são seus sonhos? E suas vontades? Para onde ela quer ir, e quando ela quer ir? São alguns pontos que quero descobrir nesses próximos dias, e que espero conseguir.
Agora eu te pergunto: vai ficar nessa inércia, ou fazer de tudo para sair dela?