07.11.2024

A desvalorização do músico e a dificuldade em ser artista

A desvalorização do músico e a dificuldade em ser artista

Esses dias estava rolando a aba explorar no Instagram, e me deparei com uma notícia que me fez pensar sobre a desvalorização do músico no Brasil. Vou explicar o que aconteceu!

O último lançamento da Luísa Sonza, “Cachorrinhas”, foi um sucesso e ganhou um alcance gigantesco na internet. Acontece que uma das compositoras da canção publicou algumas declarações sobre não ter tido o reconhecimento devido.

Não vou entrar afundo no caso, até porque não sei realmente o que é fato ou não, mas o que mais me incomodou foram os comentários que haviam na publicação.

Li coisas do tipo: “nossa, mas com uma música ruim assim deveria agradecer que fez sucesso” ou até “ao invés de reclamar, tinha que ficar feliz”.

Música não é caridade

A gente começa essa discussão com algo muito simples, porém que ainda não entrou na cabeça do brasileiro, que é: música não é caridade! O artista, seja ele intérprete, instrumentista ou compositor, não vive de luz ou de agradecimentos. Assim como qualquer outra profissão, ele precisa ser remunerado para viver.

Quando vemos situações como essas de que um compositor, ou qualquer outro profissional da música, não recebeu o devido reconhecimento, precisamos entender que é o trabalho dele que está em jogo.

Da mesma forma em que um médico não espera receber um “obrigado” como pagamento de uma consulta, um compositor não deve se contentar com um “bom trabalho” ao escrever uma canção. Muito menos quando a canção vira um hit e tem um alcance enorme, como foi o caso de “Cachorrinhas”.

Pode não ser aquele trabalho convencional, de cinco ou seis dias por semana, mas arte é trabalho e dá trabalho. Você achar uma música ruim ou boa não é parâmetro para definir se o artista merece ser pago. É o trabalho dele, e ponto final.

Arte também é trabalho

A desvalorização do músico no país é enorme, e fica muito pior quando o ele não é famoso. Já aconteceu de ir com a minha família a um restaurante com música ao vivo, e ao final do jantar, um dos meus tios, na época, “brincou” falando que não pagaria o couvert artístico porque não gostou da voz do cantor.

Na hora eu só falei: “bom, eu posso não ter gostado, mas é o trabalho dele e ele merece o pagamento“. Na hora ele lembrou que eu também era cantora e, depois de ficar sem graça, concordou que iria pagar.

Em outro momento, estava no carro com minha mãe e minha tia, e esta última estava contando de quando foi a um restaurante. Ela chegou bem antes do músico começar a cantar, e finalizou o jantar enquanto ele estaria começando sua apresentação.

O couvert foi cobrado, ela explicou ao garçom que nem chegou a ouvir nenhuma música, e ele logo retirou o valor da conta final. O que me deixou chocada foi o comentário que ela fez sobre a situação: “Eu não tenho problema em ajudar, sempre ajudo, mas dessa vez não tinha como fazer caridade.”

Fiquei pensando que, infelizmente, esse é o pensamento de grande parte dos brasileiros: achar que o músico trabalha esperando caridade. Você iria a um restaurante, comeria toda a comida que pediu, mas no final diria que não vai pagar porque não gostou do sabor? Não! Então, não faça a mesma coisa com um músico que está trabalhando.

Poderia passar horas falando sobre a desvalorização do músico no Brasil – e em outros lugares do mundo -, mas queria fazer um pedido a você: não julgue o trabalho de um artista, ele tá na mesma correria que você para sobreviver nesse país.

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